De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure.
Publicado no livro "Antologia Poética" em 1960, pág. 96, o “Soneto de Fidelidade” ficou eternizado no coração e na mente dos apaixonados. Vinícius de Moraes é o poeta certo para quem suspira de amor. Um soneto antigo para os tempos modernos.
No casamento onde ouve-se o padre sacramentar a frase fatídica:- “até que a morte os separe” - poderia quem sabe (?) ser substituída por -“ que seja infinito enquanto dure”(...)
Pelo menos ia combinar mais com os casamentos de hoje (...)
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